100!

as letras se juntando aqui no espaço, cada uma vinda de um canto diferente. a “Q”, por exemplo, descansa bem longe da “M”. a “A” e a “Z”, já repararam que são vizinhas? cada texto é uma especie de festa, um happy hour malucão que não sabemos como vai terminar. minha letra “E” certamente é a mais detonada pelas baladas constantes. de tempos em tempos ela desiste e abandona o teclado. quando acontece, busco uma cola (uma coca sugere o corretor!) e coloco-a de volta na pista.

difícil escrever esse texto 100, um texto sobre festa que já é a própria festa. aliás, ninguém deve estar mais aqui, perto do natal e do reveillon, para ler. quase ninguém mais aparece nessa discoteca ultrapassada que comecei em 2023 para dar conta de tantas novidades (paternidade, conversa com as plantas e etc…). melhor assim. danço mais à vontade, um pouco mais, quando não tem tanta gente olhando.

agradeço a quem segue me visitando. acho que as letras do velho computador também. talvez eu passe o dia 31 escrevendo e chegue em 2026 com novidades. parece que o borges fazia isso como uma espécie de ritual para que não cessasse a escrita ao longo dos 365 dias seguintes. o mais provável, visto que não sou o borges, é que na hora da virada eu já esteja capotado ao lado do lírio e da júlia. meia noite, hoje em dia, é alta madrugada. se não estiver capotado pode ser que, feito um poeta japonês do século XVIII, eu me torne a própria paisagem e aconteça um haicai. para as e os poetas nipônicos, o “ano novo” é uma estação como são a primavera, o verão, o outono, o inverno. uma estação de um dia só. imagina as sacadas em cada saquê…

então, valeu, leitoras e leitores (em especial a sílvia rocha, primeira leitora desde o início)! esse ano foi puxadíssimo. por essas e outras é uma alegria terminá-lo desse modo com vocês, vocês e as letras se juntando, uma com o peru com abacaxi, outra com o arroz com lentilhas e a “E” já querendo pular fora, mais uma vez.