ouvindo stevie wonder e negro leo
apertei o botão vermelhinho para gravar no celular. não sei o que aconteceu, fim do show do negro leo, voz e violão, na sala de casa e nada tinha sido gravado. foi um dos shows mais bonitos que já vi e ouvi. acho que foi em 2013, por aí, época do disco tara, quando leo, ava e uma passaram uma temporada hospedados na bento de abreu 232, na lapa de sp. sempre que vou assistir a uma apresentação do leo me lembro dessa noite na casabrasamora. recentemente, inclusive, a primeira “balada” em que saí sozinho, desde que o lírio nasceu, foi para assistir a meu amigo no teatro de arena. voltei nas nuvens, leve, gostando muito de fazer e viver de música (isso tem sido cada vez mais raro) ao admirar como leo compõe (compor é também performar, isto é, cantar e dançar muito, como no caso do meu amigo).
leo nasceu no dia 13 de maio. mesmo dia de lima barreto e stevie wonder. descobri isso inventando os ACASOS SOLARES da é selo de língua. sou leitor renhido do lima desde a adolescência. me tornei ouvinte apaixonado do stevie wonder depois, com vinte e tantos. stevie wonder por “the secret life of plants”, jorge mautner e gil por “a força secreta daquela alegria” e alzira e por tudo, são as minhas grandes referências em folhas. “ouvindo stevie wonder”, a faixa que encerra o trabalho, foi também a última a ser composta. por pouco não entra no álbum. logo que ela surgiu me lembrei do leo no apartamento de botafogo tocando violão, teclado ou assoviando freneticamente alguma linha melódica. daria um texto à parte esse apartamento de ava e leo em botafogo. no chá de bebê da uma, madrugada bêbado, me perdi na rua real grandeza. paulistano como eu, amante das “morbezas” de jards e waly, entrei no único bar aberto (acho que se chamava “fina flor da real grandeza”). mas voltando ao texto, depois de buscar no google se assobio era com b ou com v, imaginei leo cantando a letra de “ouvindo stevie wonder” comigo e também assoviando algo que ele inventasse. para mim, assoviar em estúdio, em disco, é das matérias mais lindas possíveis. para mim, alguns assovios definitivos: paul mccartney, em “junky”; caetano veloso, “for no one” e o próprio leo em “mar ao fundo” de ava rocha e na sua “jovem tirano príncipe besta” (a trupe chá de boldo, banda da qual também faço parte, registrou uma versão dessa obra).
foi o que aconteceu. em uma hora de sessão, leo preferiu, em vez de cantar a letra, expandir a canção e os signos contidos nela criando linhas de sons maravilhosos. agradeci. dez anos depois de ava cantar no meu primeiro disco (leo participou da sessão ouvindo, sugerindo e embalando a uma na rede) ele registrou sua participação no meu repertório, um repertório que é inspirado por ele e por ava, duas pessoas artistas de que gosto muito, contemporâneas minhas. como canta ju perdigão, “que bom ser contemporâneo seu…”, leo, ou, como diz o próprio, “luxo e glória”.
“ouvindo stevie wonder” aqui
agora chega de faixa a faixa, amizades. para o próximo disco, fruto, vou escrever, no “notas” do celular (único suporte, infelizmente, que consigo escrever desde o nascimento do lírio) sobre todas as canções de uma vez só. o disco sairá no dia 3 de julho, encerrando essa dupla trilha de folhas_fruto.
e essa sexta estreia de “poemas”, um novo show. em são paulo, na casa urânia, às 20h30, bruna lucchesi, vitor wutzki e eu cantaremos poemas publicados em livro, mas, que se tornaram canções
ingressos aqui