conversa com lucina
imagina só uma playlist composta de pessoas nascidas sob o signo de gêmeos. pensei nisso depois de ler um post da juliana magalhães. teríamos, por exemplo, sun ra, miles davis, sivuca, erasmo carlos, laurie anderson, black alien, prince, dolores duran, luiz chagas, cole porter, joão gilberto, wilson das neves, maria bethânia, paul mccartney. dia desses, a caminho de birigui para apresentar um trovadores do miocárdio especial sobre bob dylan, talvez o geminiano mais geminiano vivo, visto que fernando pessoa já partiu, mostrei ao fabiano corsaletti um texto do caetano veloso de 1975. “há anos que eu penso em tentar fazer com chico umas versões de bob dylan para bethânia cantar. com chico porque também é de gêmeos como bob dylan e bethânia, e eu acho que ele escreve num ritmo parecido com o de bob dylan, deve ser por causa do ritmo”. imagina? imagina!
esse ritmo de gêmeos, chico e dylan, acaba amanhã, data em que, depois de longa temporada, voltaremos (rocha, lírio, galo) à mantiqueira. foi à margem do ribeirão da paciência que fiz “conversa com lucina”, uma faixa que, de algum modo, tem sua porção significativa de geminianismo. minha escolha em morar no mato, compor entre folhas, tem muito da presença da obra e da história de lucina e sua parceira sonora e de vida por tanto tempo, a geminiana luhli (nascida no dia do chico buarque vejam só). as duas, com filhos e folhas ao redor, gravaram discos de maneira totalmente independente ainda nos anos 1970, circulando de kombi e criando os próprios palcos. quando lucina, hoje uma amiga muito querida, me enviou a melodia por zap, percebi no desenho do som um recado. a mensagem era, para mim, um convite ao interior. encontrei ali no passeio proposto pela minha amiga guia, um interior que não era descolado do lado de fora, mas, sim, um interior aberto a uma paisagem imensa. um interior parecido como o olhar de fernando pessoa, quando sua máscara, alberto, considera: “sou do tamanho do que vejo/ não da minha altura/ nas cidades a vida é menor/ que minha casa aqui no cimo deste outeiro/ na cidade as grandes casas fecham a vista à chave”. o manacá, o rio, presentes na letra existem no meu pequeno (imenso) quintal. os vaga-lumes também. eu os inseri de última hora, lembrança do meu livro de cabeceira, haicais do geminianíssimo (amante de vaga-lumes) kobayashi issa.
para quem ainda não ouviu, “conversa com lucina”, deixo o endereço aqui
então, até a próxima coluna. e dia 28, estarei em são paulo na casa urânia. com bruna lucchesi e vitor wutski estrearei o show “poemas”. o repertório são textos musicados, textos de alice ruiz, angélica freitas, ledusha, matsuo bashô, nanao sakaki, rilke e algumas surpresas. para ver “poemas” ingressos aqui
e, por fim, estou vendendo posters com a capa do disco duplo folhas fruto, uma maneira de ajudar um pouco as finanças para terminar o disco. ainda não disponibilizei na internet a imagem, então é um presente em primeira mão. quem tiver interesse me responde que passo mais informações…